14 dezembro 2007

Honra e dignidade

No dia 5 de Dezembro de 1917, dá-se a Revolução que leva para o poder Sidónio Pais, contando com o apoio financeiro decisivo de um grande latifundiário alentejano. A ditadura sidonista prefigorou muitas das características daquilo que viriam a ser as experiências fascistas europeias dos anos 20 e 30.
No dia 12 de Novembro de 1918 estava prevista uma greve geral organizada pela CGT, que viria a fracassar devido á assinatura do armistício no dia anterior por parte da Alemanha. Contudo, nesse mesmo dia os camponeses de Vale de Santiago, concelho de Odemira, decidem lançar a Revolução Social, como então se diz. Com esta iniciativa verificou-se a primeira da de terras pelos trabalhadores em Portugal e é proclamado o poder soviético (sim em 1918, sem existir sequer ainda um partido do proletariado organizado), convém não esquecer que dia 3 de Janeiro viria a ser proclamada no Porto a Monarquia do Norte a.k.a Reino da Traulitânia. Esta iniciativa heróica não teve qualquer consequência prática, obviamente, sendo a aldeia cercada pela GNR. O reconhecido republicano da região José Júlio da Costa intervem junto do Governador Civil de Beja, dizendo que conseguiria fazer com que os trabalhadores entregassem as armas, com a condição de não sofrerem represálias, o que lhe foi garantido. No entanto a GNR intervém, por ordem de Lisboa, prendendo mais de 40 pessoas e alguns são deportados para África. José Júlio da Costa não consegue viver com o fardo de ter traído aqueles homens, mesmo que involuntariamente, e decide limpar a sua honra.
No dia 14 de Dezembro de 1918 (há precisamente 89 anos) faz justiça, num atentado contra Sidónio Pais, libertando assim o país de um "presidente-rei" pré-fascista completamente dominado pelos grandes industriais, latifundiários e financeiros, e ainda por cima traídor dos soldados portugueses que lutavam na Flandres em nome de Portugal.Existe pouca informação sobre José Julio da Costa, mas aqui ficam dois links no Jornal de Defesa e no Correio do Alentejo

Viva José Júlio da Costa
Viva o Alentejo Vermelho

1 comentário:

Anónimo disse...

Penso que José Júlio da Costa é um símbolo de coragem, alguém que é capaz de morrer pelas suas ideias.Muitos pensam que foi mandatário da maçonaria, mas não é verdade.Gostaria de perceber se este homem esteve exilado na Beira Alta, perto de Pinhel. Já li que esteve perto de Famalicão. Será que alguém sabe?