11 janeiro 2009

Universidade ao serviço da banca

Os processos que se têm desenvolvido no âmbito do Ensino Superior em Portugal, introdução das propinas, proliferação das Universidades privadas (ainda no governo de Cavaco), processo de Bolonha, créditos universitários, novo regime jurídico, etc., são conducentes à efectivação de dois objectivos básicos: entrega do Ensino Superior aos grandes grupos económicos e financeiros nacionais e internacionais e agravamento, da já certa, elitização do Ensino Superior.
É óbvio que teria sido mais fácil transformar a Universidade de Lisboa, ou de Coimbra, por exemplo, numa Sociedade Anónima da noite para o dia. Seria o expoente máximo da modernidade ver a UL ser gerida por uma Holding ou poder comprar acções da UNL no PSI-20. Todos sabemos, contudo, que o processo político necessita de alguns subterfúgios e contemporizações para poder efectivar objectivos tão radicais. Talvez o ano de 2008 estivesse “marcado” como o do definitivo takeover da banca sobre a Universidade portuguesa. Infelizmente, para eles já se vê, rebentou-lhes esta crisesita nas mãos que criou alguns anticorpos dos cidadãos em relação aos bancos.
Em todas as faculdades, as que conheço pelo menos, há uma dependência de um banco. Na FCSH está prestes a estrear o balcão do Santander. No Conselho Geral da UNL estão bem representados interesses da banca internacional e da indústria farmacêutica e nem os patos-bravos faltam.
Agora foi eleito Artur Santos Silva como Presidente do Conselho Geral da Universidade de Coimbra, o principal órgão de governo da Instituição. Claro que também lá está a indústria farmacêutica e, vejam que isto é feito com profissionalismo e obedecendo aos mais sagrados princípios da “economia de mercado”, se está presente o CEO da ZON Multimédia também está um administrador executivo da SONAECOM.
Anseio pelo dia em que um cartão de cliente do Continente possa ser usado no refeitório da faculdade, que seja brindado com um desconto de 5% se pagar as propinas através dos serviços de Homebanking de qualquer banco ou que me seja oferecido um fantástico estágio de um ano, não remunerado obviamente, num qualquer laboratório químico.
Enfim, nada disto é irreversível. Ainda podemos expulsar os especuladores e capitalistas do Ensino Superior. Ainda podemos construir um Ensino Superior ao serviço do POVO E DO PAÍS.

3 comentários:

Anónimo disse...

Camarada Crixus
Podemos e devemos exigir, que tal se faça! Por mais que lhes custe "o povo é quem mais ordena"
Abraço camarada

H.B. disse...

Muito bom.

Hugo

Daniel Geraldes disse...

Curisoso, ainda ontem a JSD Seixal apresentou uma proposta na Assembleia Municipal para a criação de uma bolsa de estudo para os alunos do Concelho que queiram frequentar o Ensino Superior, e o executivo chumbou a proposta.

Pelos vistos o PCP do Seixal prefere que estes façam um crédito num instituição bancária do que fazer o serviço público de lhes pagar a propina da faculdade.