14 agosto 2008

Os EUA e o Imperialismo

A recente audácia georgiana de atacar as forças de manutenção de paz russas na Ossétia do Sul deixou o Mundo perplexo, não estivéssemos a falar de dois países com uma diferença de população de 137 milhões de habitantes, entre outras comparações possíveis de fazer, igualmente abissais. Mas, alguém acreditará que a decisão deste ataque partiu da exclusiva vontade do “Presidente” da Geórgia, ou dos órgãos soberanos da Geórgia? Claro que não, porque a Geórgia deixou de ser um país independente e soberano, para passar a ser o 51º estado norte-americano, com a chamada Revolução Rosa. A prova caricata disto está dada quando o Presidente da Geórgia se dirige à Nação georgiana… em Inglês!
As investidas do Imperialismo têm despertado maior atenção noutras regiões do Globo. Nuns casos devido ás guerras que foram movidas (ou estão sendo minuciosamente preparadas), noutros pela novidade que constitui a existência de governos e eleição de lideres políticos independentes dos interesses das grandes multinacionais, como na América Latina. Contudo, na Europa os anos do consulado de Bush foram também anos propícios para o avanço do Imperialismo, por vezes de forma feroz, outras delicadamente.
O caso da Revolução Rosa na Geórgia é um exemplo, mas podemos referir a chamada Revolução Laranja, na Ucrânia, a “independência” do Kosovo, (além de toda a atitude revanchista em relação à Sérvia), os escudos anti-míssil, as adesões à NATO, o próprio (falhado?) Tratado de Lisboa, numa lista que poderia ter muitos mais exemplos.
A atitude dos Estados Unidos da América, e em especial do seu Presidente, têm oscilado entre o criminoso, na forma como tem apoiado a acção da Geórgia e o ridículo, quando Bush vem criticar a acção russa.
As declarações provocatórias e belicistas dos EUA, nomeadamente com referências à Guerra-Fria e ameaças de revisão das relações com a Federação Russa, são evidências claras dos propósitos norte-americanos. Ao mesmo tempo que tentam desestabilizar as relações internacionais e interferir na soberania de outros Estados, fazem passar as culpas para aqueles que, no fundo, são vítimas da cobiça e mesquinhez imperialista.
Em relação à forma como a comunicação social tem transmitido a situação, além do seu papel fundamental de adulterar a verdade dos factos e servir os interesses do Capitalismo, há uma ou outra nota mais grosseiras que não podem passar em claro. A TVI por exemplo (com o rigor característico) dizia qualquer coisa como “a Geórgia tornou-se independente do Império Soviético em 1991”. Em relação à última parte da frase não comento, mas quanto à primeira seria bom saber se a Geórgia é mais independente agora ou quando fazia parte de uma União de Repúblicas em pé de igualdade (pelo menos juridicamente) com as restantes catorze. Não será evidente, que se a URSS estivesse subjugada aos interesses russos ou russófonos, como é correntemente propalado, teria tido mais que tempo para anexar a Ossétia do Sul à República Socialista Soviética Autónoma da Ossétia do Norte?

1 comentário:

Fernando Samuel disse...

Texto importante, que esclarece, que informa, que dá pistas de reflexão.

(No Avante pode ler-se um outro excelente texto de Rui Paz, sobre este assunto)

Um abraço.