27 janeiro 2008

Ditadores e opinião dominante

O antigo ditador indonésio Suharto morreu hoje. Um dos maiores facínoras do século XX. Aprendiz de Hitler e companheiro de Pinochet. Os meios de comunicação social, que não hesitam em chamar ditador a lideres eleitos democraticamente, numa atitude de enorme benevolência referiram ao acusações de “alegados” desvios de fundos e corrupção e a invasão de Timor-Leste como os únicos pecados deste homem que conseguiu desenvolver (?) a Indonésia.
Não referiram, contudo, a forma como chegou ao poder derrubando um dos maiores líderes do chamado Terceiro Mundo, Sukarno, nem as matanças de milhares e milhares de pessoas que foram promovidas pelo seu regime ou as politicas racistas de discriminação dos chineses residentes no país.
Não referiram que Suharto era um mero fantoche de Kissinger nem que nos tempos de isolacionismo do regime fascista português o regime indonésio era dos poucos companheiros de votação na Assembleia-geral da ONU a favor de Portugal (com outros regimes fascistas, como o espanhol, israelita ou sul-africano). Também esquecem o massacre de milhares de militantes comunistas após a sua chegada ao poder. Com efeito em 1965 o Partido Comunista da Indonésia era o terceiro maior do mundo, a seguir ao da União Soviética e China, com cerca de 2 milhões de militantes! A repressão foi de tal magnitude que este foi praticamente extinto. As listas de militantes foram fornecidas pela CIA, que veio reconhecer, anos mais tarde que em termos de número de mortos, os massacres de militantes comunistas indonésios foram uma das maiores acções de assassínio em massa do Século XX.
Pode ser ignorância, mas basta uma visita de cinco minutos à sempre disponível Wikipedia para se ter uma noção de quem foi o MONSTRO de quem falamos, e que nos é apresentado como se fosse um qualquer ditadorzeco, de um país um milhão de habitantes e não um facínora que cometeu crimes horrendos e que dominou a ferro e fogo, com o apoio dos EUA, um dos países mais populosos do mundo.

1 comentário:

Fernando Samuel disse...

Mais de um milhão e meio de comunistas foram assassinados às ordens de Suharto e da CIA - e centenas de milhares foram enviados para campos de trabalho» onde ficaram, em muitos e muitos casos, masi de vinte anos.
É indispensável fazermos chegar estas notícias ao maior número de pessoas, já que, como dizes, os média dominantes fazem tudo para silenciar o massacre efectuado pelo facínora Suharto.
Um abraço.