29 janeiro 2008

Batepá

Contra o processo de branqueamento e revisionismo histórico, que pretende reabilitar a ditadura salazarista, no qual volta e meia tropeçamos, gostaria de recordar aqui um dos episódios mais horrendos do regime.
Em 1945, o coronel Sousa Gorgulho toma posse como governador de São Tomé e Príncipe. Esta colónia portuguesa já tinha uma longa e triste história da mais abjecta escravatura, a que foram sujeitos os naturais, e acima de tudo mão-de-obra “importada” de Angola e Moçambique. Contudo, uma das páginas mais repugnantes do colonialismo ainda estava por ser escrita. Mal chega ao território Gorgulho esforça-se por piorar as condições de vida dos trabalhadores das roças (escravos) e instaura um regime de trabalho forçado e arregimentação de força de trabalho. Antes de mais, é bom fazer a ressalva que quem paga sempre são estes ponta-de-lança, que têm todos a mesma função: criar condições para a maximização da exploração do trabalho pelos capitalistas. Assim, também os que se serviam do trabalho destes escravos são, tão ou mais culpados que os verdugos.
Apesar das formas de dominação bastante antigas e eficazes, e do estado de completo analfabetismo e ignorância a que eram submetidas estas populações, as revoltas começam a suceder-se e a ganhar relevo. Pressionado pelos fazendeiros e pelas ordens de Lisboa, o coronel Gorgulho empreende uma acção de repressão contra os são-tomenses que se salda em cerca de um milhar de mortos. Aproveito, este momento em que se aproxima mais um aniversário do massacre de Batepá, (ocorreu em 3 de Fevereiro de 1953) para recordar esse facto da História de um regime, que hoje alguns “historiadores” pretendem recuperar. Quando se dedicarão estes sábios a estudar massacres como Pidjiguiti, Wiriamu ou Batepá, e tantos outros cometidos em África?

Apesar de não haver muita informação, na Internet sobre o massacre, aqui fica uma página com algumas referências.

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