22 junho 2008

“La semana laboral se extenderá en ocasiones hasta las 78 horas semanales y se podrá encerrar a los inmigrantes sin papeles durante 18 meses antes de expulsarlos. En algunas zonas, la policía ya tiene derecho a detener a cualquier persona 42 días sin cargos. En otras, los servicios secretos cuentan con autorización para husmear en los correos electrónicos sin mandato judicial. No piense en China; tampoco en Estados Unidos. Todo esto sucede en la Unión Europea, abanderada durante décadas del modelo social que más protegía al ciudadano. Los expertos no se ponen de acuerdo sobre el alcance del giro, pero coinciden en que el avance de la derecha en casi toda Europa ha dejado su impronta en la UE.”

É raro, mesmo perante evidências flagrantes, os meios de comunicação social, expressão do poder capitalista, exporem assuntos de forma clara e objectiva, especialmente quando se refere a questões como os direitos sociais e laborais. Estes foram objecto das maiores concessões feitas pelo poder capitalista em resultado das lutas dos trabalhadores durante todo o Século XX, e são hoje o campo onde esse poder tenta recuperar o terreno perdido.
Hoje, contudo, foi possível encontrar dois artigos, um no El País e outro no Jornal de Notícias, que apesar de forma parcial e sempre de uma perspectiva capitalista, denunciam o carácter retrógrado, injusto e exploratório de novas politicas que a União Europeia (supremo instrumento do processo de recuperação capitalista na Europa) pretende aplicar.
Uma dessas medidas, que seria inimaginável há alguns anos atrás, prevê que a semana de trabalho possa ser alargada até 60, 65 ou mesmo 78 horas semanais (se as partes concordarem, claro!). A outra medida prende-se com a visão objectivada que o Capital tem dos trabalhadores. Essa medida prevê que os países possam prender (sem terem cometido qualquer crime) até 18 meses os imigrantes ilegais antes de os expulsarem, ou deitarem fora quando não precisarem deles.
Os títulos e o conteúdo de ambas as noticiais surpreendem por tocarem em questões tabu e por apontarem de certa forma para o cerne da questão. É óbvio que o El País ainda vem com a “história” dos Direitos Humanos, uma falácia na medida em que os direitos que foram garantidos resultaram de uma luta hercúlea entre forças antagónicas, e que serão mais ou menos garantidos e efectivados conforme a correlação de forças entre progressistas e reaccionários, e nunca como resultado de documentos assinados por aqueles cujos interesses de classe são prejudicados pela efectivação desses direitos. Ou o JN também exprime opiniões que tentam culpar a China por estas medidas, quando esta é mais vítima que culpada deste processo, em vez de procurar as responsabilidades nos especuladores internacionais, nos teóricos e políticos neoliberais e na própria natureza predatória do Capitalismo.
Com o resultado do referendo irlandês tornou-se óbvio que a UE se encontra desesperada por fazer concretizar estas medidas, para logo a seguir encontrar outras e outras que permitam agravar a exploração dos trabalhadores. A crise actual teve a virtude de provar que o processo de acumulação capitalista não pode ser fundado estruturalmente em engenhosos mecanismos financeiros nem numa economia virtual, mas sim à boa maneira do Século XIX na exploração do trabalho produtivo.
O artigo do El País destaca ainda o facto de forças de Direita estarem a ganhar terreno em toda a Europa e o de partidos e forças que se advogam de Esquerda serem colaboradores, ou mesmo líderes deste processo de retrocesso social.
De facto, é extraordinário, observando a realidade e a vida, constatar a forma como a teoria de Marx, Engels e Lenine são hoje, pelo menos tão válidas (se não mais) como quando foram produzidas. E isto é assim tanto para a análise sistémica do Capitalismo, como da cilada social-democrata ou dos mecanismos de conformação social e ideológica.

Aqui ficam os links para esses artigos que merecem ser lidos. El País, Jornal de Notícias

13 junho 2008

Os tratantes

Depois de tanta pompa, festejos e loas ao Tratado de Lisboa o povo irlandês, percebendo o que estava em causa, rejeitou o embuste preparado por uns quantos eurocratas. Foi o “Não” a mais neo-liberalismo, militarismo e federalismo. Foi também uma lição de democracia dada pelo povo irlandês àqueles que achavam que podiam gizar um documento desta importância nas costas dos cidadãos.
Quem deve ter ficado um pouco chateado foi o nosso Primeiro-Ministro, que assumiu na Assembleia da República que o tratado era muito importante para a sua “carreira política” (haja alguém que explique ao homem, que o povo português não está minimamente preocupado com a sua “carreira política”).
Agora é claro que os tratantes vão tentar encontrar forma de contornar este contratempo democrático, mas talvez os povos continuem a resistir aos seus intentos.
“Os poderosos fazem planos para 10 mil anos”, mas por vezes esses planos são detidos pela resistência ou desejo popular.

10 junho 2008

Não ao Tratado

Na próxima Quinta-Feira a Irlanda vota em Referendo a Constituição Europeia recauchutada, também conhecida por Tratado de Lisboa. Não sendo a melhor, é a única maneira de derrotar esta tentativa dos políticos europeus, e dos interesses por eles representados, aprofundarem a ofensiva neo-liberal. Independentemente do voto dos irlandeses a luta contra a efectivação do Tratado tem de ser posta em prática. Isto porque sendo algo de bastante negativo em Dezembro, quando foi aprovado, os acontecimentos que se seguiram tornaram-no ainda mais prejudicial aos povos europeus, e sobretudo mais difícil de concretizar pelos seus mentores. Se a economia neo-liberal continuar a demonstrar o seu insucesso como tem vindo a fazer nestes últimos meses, o mais certo é que aqueles que tanto louvaram o Tratado nem se lembrem dele em Dezembro deste ano, em especial o anfitrião José Sócrates.
Esperemos assim, que o Não ganhe na Irlanda, mas aconteça o que acontecer a luta contra o Tratado contínua, porque é a luta contra mais liberalismo, mais ataques aos trabalhadores, aos serviços sociais e pelo desenvolvimento dos povos europeus, e de todo o Mundo.

Dia da Raça

Não é que surpreenda quem conhece a personalidade, mas não deixa de ser chocante que alguém que desempenha as funções de Presidente da República de um país democrático (por muito que lhe custe) venha dizer que se comemora o dia da Raça, festividade fascista, que caiu em desuso mesmo antes do fim da ditudura fascista, pelo ridiculo que comporta.


(o 10 de Junho visto por Cavaco Silva)

08 junho 2008

Superar o Capitalismo

O capitalismo nasceu em crise, na medida em que ao mesmo tempo que se afirmava, ia criando as condições para se desenvolverem as circunstâncias que quase permitiram que a classe dominada nas novas relações de produção tivesse tomado o poder político (como em 1848 em Paris, em 1917 na Rússia, ou em 1919 na Alemanha). Assim o capitalismo moderno e industrial poderia não ter passado de um simples momento histórico intermediário entre o capitalismo mercantil de Antigo Regime e a sociedade socialista. Apesar de tudo, com as dificuldades e tragédias conhecidas, o capitalismo sobreviveu. Hoje vive uma crise sistémica bastante grave, que apesar de não se configurar como a crise final e definitiva, tem a utilidade de demonstrar as contradições e fragilidades desta forma de organização económica, política e social que domina o mundo actual.
Condição fundamental para a subsistência do capitalismo é a acumulação de capital que se processa através da exploração dos recursos naturais e do trabalho alheio por parte dos detentores dos meios de produção, mas também através da pura especulação financeira.
Assim se tem verificado ao longo do tempo uma forte propensão dos capitalistas para o investimento em produtos ou serviços não necessários ao desenvolvimento de qualquer actividade produtiva, mas antes com o intuito de vir a realizar mais-valias, resultantes da subida do preço de determinado bem, que muitas vezes é potenciada de forma artificial, através de inúmeros mecanismos bem conhecidos e estudados pelos “economistas” do capitalismo.
Um bom exemplo deste instrumento fundamental do capitalismo foi a subida do preço do petróleo verificada na última sexta-feira. O crude conheceu numa só sessão dos mercados internacionais subidas superiores a 8 e 9 dólares/barril. As razões apontadas pelos “economistas” são a fraqueza do dólar em relação a outras moedas, o aumento da procura ou a diminuição da oferta, o anúncio da possibilidade de aumento das taxas de juro pelo BCE, as declarações de um ministro israelita, sendo que existe uma parafernália infindável de argumentos utilizados para justificar esses aumentos, sem nunca explicar as verdadeiras razões. Entretanto a Stanley Morgan prevê que o barril possa chegar aos 150 dólares em menos de um mês.
O sistema capitalista expõe desta forma uma das suas maiores contradições, consubstanciada no conflito entre a necessidade de acumulação capitalista e o desejo de estabilidade política e social, necessária à manutenção do status quo. Assim não se coíbem de criar graves problemas aos governantes de vários países do Mundo (que não são mais que os administradores políticos e sociais do poder capitalista), promovendo pela sua prática a ocorrência de protestos por parte de sectores da economia, que apesar de integrados no sistema capitalista se encontram numa posição desfavorável. A História tem demonstrado que os especuladores tendem a “puxar a corda” até ela se partir, não conseguindo encontrar um ponto óptimo entre a máxima acumulação compatível com a mínima contestação das classes exploradas (não apenas do proletariado, mas também dos pequenos proprietários). Com o desmoronar da especulação baseada em produtos financeiros muitas vezes virtuais, os especuladores viram-se para o investimento em bens concretos e indispensáveis como os alimentos ou a energia, causando ainda maior sofrimento aos povos e populações de todo o Mundo.
A superação do sistema económico capitalista, com a suas componentes predatórias, venais e nefastas para a Humanidade, afigura-se não só como uma possibilidade, mas como uma necessidade. A derrota do Socialismo na Europa não foi uma vitória definitiva do capitalismo, mas antes uma vitória circunstancial que, apesar de ter causado um enorme retrocesso no desenvolvimento das forças progressistas da Humanidade, não significa o fim da luta de classes, e portanto da História.
A luta dos povos pela emancipação e das classes trabalhadores pelo fim da exploração continua, conhecendo diariamente novos episódios, potenciada por esta crise do capitalismo, que apesar de ainda não reunir as condições para a sua superação, pode proporcionar vitórias parciais em alguns países do Mundo, abrindo caminho para uma verdadeira revolução social.

26 maio 2008

Os Vendilhões (do desbarato)

Os candidatos à liderança do PSD têm defendido a liquidação (por outras palavras, obviamente) do Serviço Nacional de Saúde. Depois de terem entregue as áreas estratégicas do sector produtivo e financeiro aos privados (meios de produção e criação de riqueza), de terem em 2003 e agora, num novo capítulo, em 2008 implementado um processo de retirada de direitos aos trabalhadores (com o intuito de diminuir o custo do factor trabalho, ou aumentar a exploração) pouco resta senão os serviços sociais do Estado (portanto de todos os portugueses, independentemente dos recursos).
Aquelas foram sem dúvida três das grandes conquistas de Abril (fim dos monopólios e nacionalização de sectores estratégicos nacionais; conquista e consagração de, até então inimagináveis, direitos dos trabalhadores; criação de serviços de educação, saúde, solidariedade, etc. universais e sociais) que têm sido revertidas neste processo contra-revolucionário em curso há 32 anos protagonizado pelo PS, PSD e CDS, não sem encontrarem forte resistência daqueles que lutaram por elas e do povo português em geral.
No campo laboral o PS tem o mérito de conseguir apresentar propostas de alteração de um Código do CDS, que não era fácil de piorar, que pretende fazer aquilo que o governo PSD-CDS não teve coragem ou poder para fazer. Assim deixa o PSD com a única alternativa de aplaudir a proposta.
O facto de prometerem a privatização da RTP e da Caixa Geral de Depósitos não é suficiente para saciar as verdadeiras bases do Partido (os grupos económico-financeiros), com as eventuais excepções de Pinto Balsemão e Paulo Teixeira Pinto.
O que é verdadeiramente apetecível é a saúde, educação e segurança social. De facto, se o poder económico tolerou ou tolera uma inadmissível (para os seus interesses) intervenção do Estado nestas áreas, não é por um repentino assomo de consciência social, mas antes porque as lutas dos povos desde, o século XIX, não lhes concedeu alternativa. Contudo para não entrar em crise, o sistema capitalista necessita de proceder continuamente à acumulação de riqueza. Assim, é chegado o momento de pôr a saúde a render (quem quer saúde que a pague já dizia um ministro de Cavaco). O PS começou por liquidar serviços de saúde abrindo o caminho aos privados, contudo instalar uma clínica ou hospital exige um investimento assinalável. Por que não fornece então o Estado as infra-estruturas? Como fez, de resto, com tantas empresas públicas que foram desbaratadas servindo os interesses dos privados e assim incentivando o “empreendedorismo”. Além disso vão vendendo a ideia da insustentabilidade do sistema. Há algum tempo era a segurança social que estava prestes a falir, depois calaram-se, agora é a saúde…
Na educação surge a espantosa ideia do cheque-ensino. O nome é sintomático, quem tiver dinheiro paga a boa educação, quem não tem aprende a ler, escrever e contar até dez. Esta é também outra das concessões feitas pela classe dominante nunca digerida completamente. Então os filhos dos trabalhadores, malandros, andam a estudar quando podiam estar a contribuir para a competitividade do país?
Manuela Ferreira Leite tem neste específico grande vantagem sobre os outros, visto que foi ela que iniciou um processo de ataque contra o direito á educação, quando foi ministra e que tem vindo a ser aprofundado por outros.
Numa edição da semana passada do Público, os candidatos afirmam todos, sem grande pudor (não admira estavam a jogar em casa) que além da segurança e da defesa tudo o resto pode ser privatizado. Sinceramente não percebo porquê. Segundo as leis do mercado, a concorrência entre a GNR e a PSP só poderia beneficiar os cidadãos e a gestão da Força Aérea pela SONAE ou do Exército pelo Milenium BCP, seria bastante mais racional que pelos generais que nunca leram uma palavra de um livro de economia.
Infelizmente para o PSD, o governo do engenheiro Sócrates está a implementar este processo com algum sucesso, se bem que não ao ritmo que os interessados pretenderiam.
O que é certo é que perante esta gente sinistra e venal, o povo português não pode evitar as grandes lutas que se impõem para defender os seus direitos, e quem sabe conquistar uma força que lhe permita seguir um caminho de aprofundamento da democracia política, económica, social e cultural, contra o retrocesso social que significaria o continuar destas políticas.

22 maio 2008

Grande Novidade

A Comissão Europeia apresentou um relatório que conclui, sem grande surpresa, que Portugal é o país da União Europeia com maiores desigualdades na distribuição da riqueza, isto com dados relativos a 2004. Ou seja Portugal é um dos países com maior concentração de riqueza, o único na Europa que supera os EUA. Não será difícil admitir que após quatro anos de governo Sócrates, o fosso entre os mais ricos e o mais pobres se tem alargado, visto que as politicas deste têm todas sido no sentido de promover ainda mais as desigualdades.
Mas o governo parece ter a solução: com umas alterações ao código do trabalho, que tirem alguns dos direitos aos preguiçosos dos trabalhadores, os desgraçados dos patrões portugueses poderão enfim conseguir ganhar o suficiente para sustentar as suas famílias, ou pelo menos comprar mais uns Bentley’s, tudo a bem da economia.

19 abril 2008

Informação em Portugal


Os meios de comunicação portugueses mostraram esta semana, mais uma vez, a sua mestria na manipulação das notícias e em esconder aquilo que não interessa ao poder económico. Fez-me lembrar esta capa do Correio da Manhã publicada, se não me engano, na véspera das eleições autárquicas de 1982.

01 abril 2008

Banca em crise

Parece que a banca está a passar uma grave crise. Pelo menos foi isso que há umas semanas os líderes dos maiores grupos financeiros portugueses vieram dizer. Não é isso, contudo, que indicam os lucros obtidos por esses grupos. Até os que tinham uma administração que demonstrou uma incompetência de dimensões bíblicas. Já os impostos dizem que sim. De facto o ano passado a banca pagou menos impostos porque está em crise. O aumento dos juros e dos spreads dos créditos também são provas que os bancos estão á beira da falência.
Nos anos 90 era o consumo fácil e o capitalismo popular, nos anos 2000 temos a crise. É uma crise que não é, porque adquiriu um carácter permanente. Ou quererão designar por crise as novas formas de transferência de riqueza dos produtores para os inúteis e a acumulação capitalista, ou o engenhoso processo pelo qual fazem as populações pagar pelos anos de bacanais de especulação, de economia virtual baseada em bits de sistema informáticos e não em sectores produtivos, em suma uma economia de casino. Os bancos centrais, normalmente tão rigorosos a controlar défices de Estados soberanos, jorram hoje torrentes de dinheiro para o sector financeiro, no afã de manter as riquezas e salvar as peles desses homens a quem a Humanidade tanto deve.
Sem duvida que fazem alguma confusão os ritmos de crescimento dos lucros dos bancos de ano para ano. O endividamento das famílias, em todo o Mundo ocidental, é um sintoma claro desses resultados, que nada nem ninguém abrandam. Os nossos economistas, normalmente mostram algum desdém ao falar das famílias dizendo que consomem mais do que podem e que a culpa da situação é exclusivamente delas. Esses mesmos economistas derretem-se ao falar dos empreendedores e empresários (produtivos), dizendo que criam emprego, riqueza e fazem desenvolver o país. O crescimento da actividade económica não é, de perto nem de longe, próximo dos lucros da banca. Os tais economistas não dizem uma única palavra sobre o efeito asfixiador que a banca tem sobre o sector produtivo.
É nestes momentos que o capitalismo expõe de forma mais clara as suas contradições e fragilidades. A maior e mais evidente fragilidade do sistema capitalista é a sua necessidade de um exército enorme de produtores que satisfaçam os caprichos de uma ínfima minoria. Resta saber até quando conseguirá essa minoria dominar o Mundo. Esperemos que não seja muito mais tempo.

29 março 2008

Pela dignidade do trabalho

O principal factor diferenciador do Ser Humano dos restantes animais é a capacidade que nós, humanos, temos de interagir uns com os outros, dando cada um o seu contributo, físico ou intelectual, para a produção dos mais variados artefactos, dependendo da necessidade ou da tecnologia. A essa capacidade chama-se trabalho.
O trabalho tem sido ao longo dos tempos o grande responsável pelo progresso social, e provavelmente pela sobrevivência da espécie humana. Contudo nem todos os homens têm necessidade de trabalhar uma vez que através da acumulação de capital têm a capacidade de produzir riqueza comprando trabalho alheio. Aquele que nasce sem acesso ao capital ou que ao longo da vida não o consegue acumular tem a necessidade de o vender. Par a o proletário o trabalho não tem apenas a função de criar condições essenciais á sua existência, mas é também a única forma de garantir a sua independência e emancipação.
O objectivo essencial dos comunistas é a construção de uma sociedade livre da exploração de uns homens por outros, em que a paz, a solidariedade e igualdade sejam garantidas como condições próprias dessa mesma sociedade. A nobreza, a força e o próprio futuro do movimento e ideais comunistas não se explicam, contudo, apenas com a grandeza desses ideais. A luta por esse objectivo último não pode ser desligada da luta pelos mais diversos direitos e interesses dos trabalhadores, de carácter histórico ou local, mas também das minorias sociais ou de ideais de progresso social.
Deste modo a luta dos comunistas deve desenvolver-se valorizando e criando condições para o surgimento da sociedade comunista, mas também lutando por melhores salários, horários ou condições de trabalho em cada empresa, em cada fábrica, em cada local de trabalho. Os partidos comunistas e operários de todo o Mundo que perderam esse papel, de vanguarda na luta dos trabalhadores por melhores condições acabaram por degenerar e definhar. Devemos estar, contudo, conscientes das condições em que se desenvolvem essas relações de combate entre interesses antagónicos, uma vez que o capitalismo criou uma série de mecanismos que as condicionaram. É nesse contexto que devem ser inseridas as posições e partidos extremistas e oportunistas ou as divisões que se criam premeditadamente no seio dos trabalhadores.
É, por exemplo, recorrente a reprodução por parte dos órgãos de comunicação social a ideia que os direitos e conquistas dos trabalhadores da função pública e do Estado são privilégios, dos quais os trabalhadores do sector privado não dispõem. De tão repetida, esta ideia é assumida por esses mesmos trabalhadores, contra os seus interesses, que não conseguem compreender que a defesa dos direitos dos outros trabalhadores é, na verdade, a defesa dos seus próprios interesses. Estes e outros obstáculos se levantam diariamente àqueles que diariamente defendem os interesses dos trabalhadores.
Também no campo teórico alguns enganos podem surgir. Assim as teorias trotskistas e esquerdistas, que tão prejudiciais foram para a afirmação do socialismo.
Se é o trabalho que dignifica o trabalhador, também é dever deste lutar pela dignificação do trabalho, lutando, como ontem a Interjovem fez, contra a precariedade, contra os baixos salários, contra os abusos do patronato e, o que me parece mais importante, contra um código legal que leva o nome “do Trabalho” mas que é na verdade um instrumento de repressão e extremamente negativo para os interesses e conquistas dos trabalhadores.
Esta luta deve ser guiada sempre pelos exemplos e as vitórias conquistadas no passado. Um dos períodos mais gloriosos da História da Humanidade que foi o 25 de Abril e o PREC é um extraordinário exemplo para os trabalhadores portugueses. Foi nesse período em que a Democracia foi elevada a um dos seus mais altos patamares, quando as populações e os trabalhadores se juntavam para discutir, aprovar e, muitas vezes, executar as soluções para os mais diversos problemas que garantimos o direito a um salário, o salário mínimo nacional, o salário igual, as férias, a liberdade sindical e tantas outras conquistas.
Os ataques contra estes direitos têm sido enormes nos anos subsequentes á “contra-revolução”, e tendem a manifestar-se das mais variadas formas. A destruição do Serviço Nacional de Saúde, do ensino público, gratuito e de qualidade ou da segurança social têm também como alvo principal os trabalhadores e os filhos destes.
Esperemos que cada vez mais trabalhadores tomem consciência que só unidos conseguem defender os seus direitos, colaborando com os sindicatos dos trabalhadores e não dos patrões e, não menos importante, que distingam quais são, em Portugal, os partidos do capital e o dos trabalhadores.

29 fevereiro 2008

REFLEXÕES DE FIDEL

No seu mais recente artigo do Granma, Fidel Castro arrasa alguns dos abutres que nos últimos dias têem derramado ódio contra o povo cubano, a sua (nossa) Revolução e ele próprio. Com uma fina ironia em algumas passagens, noutras toca pontos importantissimos, como a posição de Espanha em relação ao País Basco e Catalunha, assim que reconheça a independência do Kosovo.

A não perder aqui

Marxismo

« Virtuosos » defensores da burguesia monopolista enchem jornais, revistas, rádios e televisões com uma série de estudos cujo objectivo fundamental é a defesa ideológica do capitalismo como último estádio da História. A luta de classes seria, desta forma, algo que pertence ao imaginário retrógrado de uns tantos teimosos comunistas. Segundo estes estudiosos, estaríamos num momento da História do capitalismo, pretensamente chamado, por um dos frutos criados pela burguesia dominante, de « era do vazio », no qual todos poderíamos ascender aos estratos sociais mais elevados. A mobilidade social é-nos, assim, apresentada, como um dos fenómenos modernos que contrariariam a pretensamente « velha » teoria marxista da luta de classes.

O Diário publica um artigo extraordinário sobre a teoria marxista leninista. De forma sucinta a autora expõe os pressupostos básicos do socialismo científico.

01 fevereiro 2008

Alfredo Luís Costa


A Camâra Municipal de Castro Verde editou um livro sobre a vida de Alfredo Luís Costa, organizador do regicídio, natural de Casével. Apesar das efabulações dos "talassinhas" (quem diria que ainda os há) no dia seguinte ao regicídio os heróis eram Manuel Buíça e Alfredo Costa, e não o rei da "piolheira".



29 janeiro 2008

Batepá

Contra o processo de branqueamento e revisionismo histórico, que pretende reabilitar a ditadura salazarista, no qual volta e meia tropeçamos, gostaria de recordar aqui um dos episódios mais horrendos do regime.
Em 1945, o coronel Sousa Gorgulho toma posse como governador de São Tomé e Príncipe. Esta colónia portuguesa já tinha uma longa e triste história da mais abjecta escravatura, a que foram sujeitos os naturais, e acima de tudo mão-de-obra “importada” de Angola e Moçambique. Contudo, uma das páginas mais repugnantes do colonialismo ainda estava por ser escrita. Mal chega ao território Gorgulho esforça-se por piorar as condições de vida dos trabalhadores das roças (escravos) e instaura um regime de trabalho forçado e arregimentação de força de trabalho. Antes de mais, é bom fazer a ressalva que quem paga sempre são estes ponta-de-lança, que têm todos a mesma função: criar condições para a maximização da exploração do trabalho pelos capitalistas. Assim, também os que se serviam do trabalho destes escravos são, tão ou mais culpados que os verdugos.
Apesar das formas de dominação bastante antigas e eficazes, e do estado de completo analfabetismo e ignorância a que eram submetidas estas populações, as revoltas começam a suceder-se e a ganhar relevo. Pressionado pelos fazendeiros e pelas ordens de Lisboa, o coronel Gorgulho empreende uma acção de repressão contra os são-tomenses que se salda em cerca de um milhar de mortos. Aproveito, este momento em que se aproxima mais um aniversário do massacre de Batepá, (ocorreu em 3 de Fevereiro de 1953) para recordar esse facto da História de um regime, que hoje alguns “historiadores” pretendem recuperar. Quando se dedicarão estes sábios a estudar massacres como Pidjiguiti, Wiriamu ou Batepá, e tantos outros cometidos em África?

Apesar de não haver muita informação, na Internet sobre o massacre, aqui fica uma página com algumas referências.

27 janeiro 2008

Ditadores e opinião dominante

O antigo ditador indonésio Suharto morreu hoje. Um dos maiores facínoras do século XX. Aprendiz de Hitler e companheiro de Pinochet. Os meios de comunicação social, que não hesitam em chamar ditador a lideres eleitos democraticamente, numa atitude de enorme benevolência referiram ao acusações de “alegados” desvios de fundos e corrupção e a invasão de Timor-Leste como os únicos pecados deste homem que conseguiu desenvolver (?) a Indonésia.
Não referiram, contudo, a forma como chegou ao poder derrubando um dos maiores líderes do chamado Terceiro Mundo, Sukarno, nem as matanças de milhares e milhares de pessoas que foram promovidas pelo seu regime ou as politicas racistas de discriminação dos chineses residentes no país.
Não referiram que Suharto era um mero fantoche de Kissinger nem que nos tempos de isolacionismo do regime fascista português o regime indonésio era dos poucos companheiros de votação na Assembleia-geral da ONU a favor de Portugal (com outros regimes fascistas, como o espanhol, israelita ou sul-africano). Também esquecem o massacre de milhares de militantes comunistas após a sua chegada ao poder. Com efeito em 1965 o Partido Comunista da Indonésia era o terceiro maior do mundo, a seguir ao da União Soviética e China, com cerca de 2 milhões de militantes! A repressão foi de tal magnitude que este foi praticamente extinto. As listas de militantes foram fornecidas pela CIA, que veio reconhecer, anos mais tarde que em termos de número de mortos, os massacres de militantes comunistas indonésios foram uma das maiores acções de assassínio em massa do Século XX.
Pode ser ignorância, mas basta uma visita de cinco minutos à sempre disponível Wikipedia para se ter uma noção de quem foi o MONSTRO de quem falamos, e que nos é apresentado como se fosse um qualquer ditadorzeco, de um país um milhão de habitantes e não um facínora que cometeu crimes horrendos e que dominou a ferro e fogo, com o apoio dos EUA, um dos países mais populosos do mundo.

12 janeiro 2008

Proletário Alentejano

A Cooperativa de consumo “Proletário Alentejano” conseguiu o ano passado um aumento nas vendas com uma estratégia assente numa politica "de preço justo baseado no comércio com fins não lucrativos e a aposta em produtos de qualidade comprovada". Está prevista a abertura de duas lojas este ano em Vale de Vargo e na Salvada, onde as suas populações poderão passar a usufruir dos benefícios do comércio cooperativo, justo e solidário. Vê a noticia no Diário do Alentejo.

09 janeiro 2008

Democracias

José Sócrates anunciou que não iria ser realizado referendo ao tratado da União Europeia. Assim quebra mais uma promessa eleitoral, para juntar à já longa colecção.
O caminho vinha sendo preparado pelos chefes de Estado e de governo da Europa, e até contou com uma mãozinha do Presidente da República. O mais engraçado de tudo são os argumentos usados para justificar esta decisão. Os comentadores profissionais enumeram algumas: que a realização do Referendo em Portugal iria comprometer a posição de outros chefes de governo (de países onde era quase certo que o Não ganhava); que esta questão não é essencial e que se devem focar as atenções noutras questões (como o caso Luisão-Katsouranis, certamente, que têm muito mais horas de esclarecimento e debate nos meios de comunicação social que uma questão de menor importância como o Tratado), tese sustentada pelo P.R.; que era quase certo que com o apoio do PS, PSD e CDS o Sim ganharia em Portugal, logo é absurdo referendar uma questão da qual já se conhece o resultado á partida; que caso o Não ganhasse se estaria a perder uma óptima oportunidade (resta saber para quem) de reformar a União Europeia.
São todos argumentos de grande valor democrático, e que demonstram grande respeito pelo povo português (que é considerado como um povo de gente chata que poderia importunar o Sr. Gordon Brown, a seres que se limitam a pôr a cruzinha no quadrado indicado pelo partido da sua preferência, passando por provincianos que não sabem o que é melhor para o seu país e não iriam perceber uma palavra do que seria debatido). Assim se prova que para esta gente a democracia não é um valor absoluto, mas antes uma conveniência de circunstância, que se deve evitar sempre que haja o risco de se tornar algo aborrecido.

06 janeiro 2008

28 dezembro 2007

La hegemonía del socialismo

Me he preguntado muchas veces por qué el socialismo no se ha convertido en una idea hegemónica a construir por los demás países, cuando se conoce que es el único sistema que garantiza la supervivencia del hombre como género humano.
En el orden internacional el capitalismo desata guerras mundiales e impulsa conflictos entre las regiones del mundo; contamina las grandes y pequeñas aguas de mares, ríos y tantas otras; despilfarra delictuosamente los recursos energéticos de la naturaleza; disloca los climas; transforma la energía nuclear en fuerza homicida; envenena la atmósfera e infecta el ambiente, empuja al recalentamiento de la tierra; provoca el deshielo, ahueca la capa de ozono, amenaza con un arsenal nuclear capaz de aniquilar la vida sobre el planeta.
Hacia lo interno de cada país, el capitalismo acentúa extraordinariamente el contraste entre la producción social y la apropiación privada, eleva a niveles muy altos la explotación de las masas populares, hace aumentar el desempleo, expande cada vez más la pobreza y miseria de millones y millones de personas, multiplica la anarquía de la producción y de la vida social; transforma las drogas y el vicio en uno de los más grandes negocios del mundo. Utiliza los gigantescos progresos de la ciencia y la tecnología para asesinar hombres, mujeres, niños y hasta naciones.
En síntesis, el capitalismo coloca en riesgo la continuidad de la especie humana. En ese sentido, el socialismo hoy se plantea: la ruptura radical con el modo de producción capitalista; la eliminación de la propiedad privada sobre los medios de producción y el establecimiento de la propiedad colectiva; la desaparición de las clases explotadoras y el reino de relaciones de colaboración y ayuda mutua; la planificación de la actividad productiva; la igualdad en la distribución de la riqueza social; el aseguramiento del bienestar colectivo; y el desarrollo pleno y libre de la sociedad.
Para romper con el capitalismo, el socialismo necesita nacionalizar los grandes monopolios que hoy concentran en su poder el 90 por ciento de las riquezas del mundo, por tal motivo los dueños de esas compañías elaboran una estrategia muy bien pensada para crear una ideología antisocialcita a la vez que afianzan su poder político con los gobiernos, formando alianzas y presionando para que prevalezcan sus intereses económicos por encima de los sociales.
Dentro de esa estrategia, juega un papel importante los medios de comunicación que exaltan los valores individualistas del capitalismo de “cualquiera puede llegar y cualquiera puede tener”, a su vez que buscan cada detalle negativo del socialismo para maximizarlo y conducir la opinión pública a la negación de los valores socialistas. En la guerra contra el socialismo todo vale, desde imponer leyes económicas extraterritoriales, corromper a funcionarios estatales, despretigiar figuras históricas, financiar los grupúsculos de oposición, incentivar conflictos internos, exaltar el modo de vida de los países desarrollados como la gran quimera y hacer creer que el terrorismo es un método de lucha y coacción dentro del socialismo.Se silencia por ejemplo que en la antigua Unión Soviética entre 1928 a 1955 sufrió una metamorfosis al convertirse de un país medieval en la segunda potencia del mundo, la producción industrial se multiplicó ocho veces, a pesar de que en el periodo descrito la URSS sufrió la aniquiladora invasión nazi fascista.No se dice que en Cuba la educación es gratuita, a todos los niveles, incluso para los estudios universitarios, y en los 169 municipios del país existen sedes universitarias que preparan al 70 por ciento de los jóvenes del país.Nunca dan a conocer que la atención médica es por igual a todos sin cobrar un centavo, lo cual permite tener una esperanza de vida de 77 años y una mortalidad infantil de solo 5,3 fallecidos por cada mil nacidos vivos. Pero además existe la política del pleno empleo, con un índice de desempleo menor a 1,9%.Lo peor es que no se quiere reconocer el crecimiento económico cubano, mayor en un 12 por ciento con respecto al año anterior y que se espera un aumento sustancial para el presente año.En fin hasta que no rompamos el muro de silencio impuesto y regido por el capitalismo monopolista reinante, y, tomemos la avanzada en el ataque; el socialismo continuará siendo una utopía realizable y no se convertirá en la idea hegemónica a construir por el hombre.


Artigo de Nuria Barbosa León, no site Que Hacer.

Governos de direita arruinam Alentejo

O interior do país tem sido sempre ignorado pelo poder central em Portugal. Contudo o Alentejo tem sido por razões óbvias (o seu forte pendor progressista e democrático) alvo de politicas altamente prejudiciais. Basta recordar a venda do património da Igreja, no século XIX, que teve como resultado a constituição de enormes latifúndios ou criminosa Campanha do Trigo de Salazar. As consequências destas politicas estão patentes no perfil demográfico da região, sendo que em 1960 tinha cerca de 760000 habitantes e hoje terá pouco mais de 520000.
Os únicos governos que tiveram realmente em conta os interesses da população alentejana foram os de Vasco Gonçalves, que pela primeira vez tratou os trabalhadores como seres humanos, o que pode ser comprovado com a ternura com que ainda hoje as pessoas que o viveram falam do período do PREC.
No Avante! desta semana vem um artigo sobre a situação actual do Alentejo, muito longe do glamour das cimeiras internacionais ou da opulência dos grandes empresários, que são as únicas coisas que atraem José Sócrates.

23 dezembro 2007

Livro branco, futuro negro

Na última quinta-feira foi apresentado o Livro Branco das Relações Laborais. Após uma passagem de olhos retêm-se, das recomendações feitas, os seguintes objectivos: enfraquecimento da contratação e negociação colectivos, facilitação dos despedimentos, aumento da precariedade e enfraquecimento do papel dos sindicatos (os grandes inimigos do capital). Assim se dá mais um passo, na sequência do Código do Trabalho (CT) do governo PSD/CDS e tendo como objectivo final a implantação da flexigurança, para concretizar a absoluta precarização das condições de trabalho, criando condições ideais para que os grandes empresários continuem a aumentar a acumulação de capital, não através da modernização e ganho de novas competências (que tanto apregoam) mas sim através da apropriação de uma maior parte da mais-valia criada pelo trabalhador(afinal não mudou assim tanto desde o tempo de Marx).
Os ataques contra as conquistas de Abril continuam, mas a luta pela sua defesa também. O ano de 2008 será certamente um ano de grandes lutas dos trabalhadores portugueses, contra os impetos de uma revisão (ainda mais) reaccionária do CT, contra a Flexiprecariedade e contra o Tratado Europeu (que tem como único objectivo a integração capitalista).
Fica aqui a sugestão para que cada um faça a sua leitura deste Livro Branco, e também a certeza de que os trabalhadores e seus representantes não irão permitir que o patronato cumpra o objectivo de exterminio completo dos seus direitos.

22 dezembro 2007

Prémio para o Seixal

O projecto Espaço Cidadania da Câmara Municipal do Seixal recebeu a Distinção para as Melhores Práticas autárquicas no acolhimento de imigrantes, uma distinção que premeia o esforço do executivo na integração dos imigrantes e um exemplo a ser tomado por outras entidades. Vê aqui e aqui.

20 dezembro 2007

A morte saiu á rua

Ontem assinalaram-se os 45 anos da morte de José Dias Coelho dirigente do Partido Comunista Português, escultor e pintor. Dias Coelho foi barbaramente assassinado á queima-roupa numa rua de Lisboa por agentes da PIDE (a tal que matou pouco). Zeca Afonso dedicou-lhe uma das mais belas musicas que fez: "A morte saiu á rua".

18 dezembro 2007

Francisco Miguel Duarte

Francisco Miguel Duarte nasceu há 100 anos. Um dos militantes do Partido que passaram mais tempo nas prisões fascistas, um dos elementos mais activos na organização do PCP e deputado à Assembleia Constituinte e da República. Aqui ficam umas pequenas biografias no jornal Avante! e outra no Militante.

15 dezembro 2007

Estalinegrado

No dia 15 de Dezembro de 1942 o Exército Vermelho cerca as forças nazis em Estalinegrado, e no dia seguinte é lançada a operação "Saturno", que viria a ter enorme importância para a derrota do exército nazi-fascista. Aqui fica um vídeo com algumas imagens desse esforço heróico do povo e soldados soviéticos (grande parte do vídeo é de imagens da Batalha de Estalinegrado, se bem que da parte final), com as extraordinárias canções "Polyushka Polye" e "Katyusha" cantadas pelo coro do Exército Vermelho.

Cem anos

Parabéns! Oscar Niemeyer comemora hoje 100 anos. Comunista de corpo inteiro e um dos maiores arquitectos de sempre. Além disso continua a trabalhar. Assim a vida vale a pena.

Catedral de Brasília


Edifício Sede do Partido Comunista Francês

14 dezembro 2007

Honra e dignidade

No dia 5 de Dezembro de 1917, dá-se a Revolução que leva para o poder Sidónio Pais, contando com o apoio financeiro decisivo de um grande latifundiário alentejano. A ditadura sidonista prefigorou muitas das características daquilo que viriam a ser as experiências fascistas europeias dos anos 20 e 30.
No dia 12 de Novembro de 1918 estava prevista uma greve geral organizada pela CGT, que viria a fracassar devido á assinatura do armistício no dia anterior por parte da Alemanha. Contudo, nesse mesmo dia os camponeses de Vale de Santiago, concelho de Odemira, decidem lançar a Revolução Social, como então se diz. Com esta iniciativa verificou-se a primeira da de terras pelos trabalhadores em Portugal e é proclamado o poder soviético (sim em 1918, sem existir sequer ainda um partido do proletariado organizado), convém não esquecer que dia 3 de Janeiro viria a ser proclamada no Porto a Monarquia do Norte a.k.a Reino da Traulitânia. Esta iniciativa heróica não teve qualquer consequência prática, obviamente, sendo a aldeia cercada pela GNR. O reconhecido republicano da região José Júlio da Costa intervem junto do Governador Civil de Beja, dizendo que conseguiria fazer com que os trabalhadores entregassem as armas, com a condição de não sofrerem represálias, o que lhe foi garantido. No entanto a GNR intervém, por ordem de Lisboa, prendendo mais de 40 pessoas e alguns são deportados para África. José Júlio da Costa não consegue viver com o fardo de ter traído aqueles homens, mesmo que involuntariamente, e decide limpar a sua honra.
No dia 14 de Dezembro de 1918 (há precisamente 89 anos) faz justiça, num atentado contra Sidónio Pais, libertando assim o país de um "presidente-rei" pré-fascista completamente dominado pelos grandes industriais, latifundiários e financeiros, e ainda por cima traídor dos soldados portugueses que lutavam na Flandres em nome de Portugal.Existe pouca informação sobre José Julio da Costa, mas aqui ficam dois links no Jornal de Defesa e no Correio do Alentejo

Viva José Júlio da Costa
Viva o Alentejo Vermelho

12 dezembro 2007

Cândido Portinari



O Neo-realismo de Café de Cândido Portinari, com um gosto tropical. Militante do Partido Comunista Brasileiro, vencedor do Prémio Internacional da Paz em 1950 e um dos mais importantes pintores neorealistas de sempre.

09 dezembro 2007

Câmara Municipal de Serpa

A Câmara Municipal de Serpa é sem dúvida uma mais bem geridas do país. Devo destacar o assinalável desenvolvimento sentido por todo o concelho, em especial nestes últimos anos, o sucesso dos orçamentos participados pela população e o extraordinário nível dos eventos culturais promovidos pela Câmara. De assinalar ainda os passos fundamentais na promoção do desporto numa perspectiva democrática e popular, em especial hóquei em patins e patinagem artística.
Contudo o PS-Serpa veio dizer que "Em vez de se preocupar com os problemas económicos e sociais do concelho, a Câmara de Serpa parece só preocupar-se com espectáculos musicais e actividades, que pretensamente pretendem desenvolver a cultura e o desporto...", ao melhor estilo de Goebbels os "socialistas-nacionais" quando ouvem falar de cultura sacam logo da pistola.
É pena é que por vezes o tiro lhes saia pela culatra. É que João Rocha foi eleito o melhor autarca de 2007, pelo Radio Clube.
Aproveito assim para dar os parabéns a João Rocha e a todo o executivo da Câmara de Serpa, e também a todos os autarcas da CDU que são objectivamente os mais capazes e competentes, com a firme convicção de que a nossa votação vai ser reforçada em 2009, e assim todo o país fica a ganhar.

08 dezembro 2007

Todo o Poder aos Sovietes do Povo



Cena do filme Outobro de Eisenstein, em memoria da gloriosa Revolução, ao som de 'I Lenin Takoi Molodoi'

06 dezembro 2007

No dia 6 de Dezembro de 1941 as tropas do exército do centro de Hitler estão mais perto do Kremlin que nunca. Contudo nesse mesmo dia o Exército Vermelho consegue deter a ofensiva alemã, marcando a viragem dos ventos da guerra, isto na véspera do ataque japonês a Pearl Harbour. Fica aqui um tributo a esses homens e mulheres que deram a vida para derrotar as forças fascistas.



25 novembro 2007

Por um país com futuro

Decorreu este fim-de-semana no pavilhão municipal da Torre da Marinha, no Seixal, a Conferência Nacional Sobre Questões Económicas e Sociais do Partido Comunista Português. Nesta conferência foram discutidas e apresentadas soluções para um desenvolvimento do país, baseado na democracia e justiça social ao serviço do povo e do país, contra as políticas de direita implementadas pelos governos PS;PSD;CDS-PP que tiveram como únicos benificiários os grandes grupos economicos e financeiros. Aqui fica a Proclamação final.

18 novembro 2007

Batalha de Moscovo

Há 66 anos a Europa e o Mundo viviam a época mais sombria da história da Humanidade. Após a Primeira ofensiva contra Moscovo em Outubro de 1941, em 16 de Novembro as tropas imperialistas lançam-se ao ataque tentando romper a defesa da cidade pelo flanco leste. No dia anterior tinham conseguido dominar toda a Crimeia, excepto Sebastopol, que seria palco da mais heróica resistência, sendo de destacar o papel da Komsomol. Os exércitos do Sul tinham o caminho aberto até Estalinegrado, e dai para os campos petrolíferos do Cáucaso. Os alemães dominavam a Europa toda desde a Peninsula Ibérica até aos Urais.
Entretanto Leninegrado resistia com enorme sofrimento ao cerco nazi, sem ter chegado ainda qualquer vestígio da tão badalada ajuda dos EUA à URSS (que viria a ser efectivamente importante, mas só em meados do ano seguinte), de onde vem Zhukov para tomar comando na defesa da capital.
No dia 18 começa o ataque à Cidade Heróica de Tula, a sul de Moscovo, onde os soldados-operários defendem a sua vida e a Liberdade, sendo que Guderian é obrigado a contornar a cidade. No dia 2 de Dezembro os carros alemães estão ás portas de Moscovo. Contudo pelo dia 6 a superior força de vontade e capacidade de sacrifício e organização dos comunistas consegue deter o avanço das tropas dos Siemens e Krupps, em busca de matérias-primas e escravos. No dia 1 de Janeiro uma grande contra-ofensiva russa, em toda a extensão da frente viria a obrigar os alemães a retirar ainda antes do final do ano.
Coloco este texto a relembrar a Batalha de Moscovo, no momento em que passam 66 anos, porque foi nela que surgiram os T-34, uma das principais armas na derrota dos exércitos fascistas na frente Leste.

11 novembro 2007

Vila Vermelha

Fotografia de Sebastião Salgado, tirada na sede do PCP de Aljustrel em 1975

A verdade (comparada com a mentira)

“Here, for the first time in my life ... I walk in full human dignity.” - Paul Robeson, numa das suas visitas à União Soviética.

"I have seen the future and it works." Lincoln Steffens, em 1921 na chegada aos EUA depois de visitar a União Soviética.

Everywhere we saw hopeful and enthusiastic working-class, self-respecting free up to the limits imposed on them by nature and a terrible inheritance from tyranny and incompetence of their former rulers, developing public works, increasing health services, extending education, achieving the economics independence of woman and the security of the child and in spite of many grievous difficulties and mistakes which or social experiments involve a first (and which they have never concealed nor denied) setting an example of industry and conduct which would greatly enrich us if our systems supplied our workers with any incentive to follow it. - George Bernard Shaw em resposta a um jornal inglês, cúmplice da campanha de mentiras contra a URSS em Março de 1933.

"The devotion of such titans of spirit as Lenin to an Ideal must bear fruit. The nobility of his selflessness will be an example through centuries to come, and his Ideal will reach perfection." Mahatma Gandhi referindo-se a Lenine e aos seus ideais.

Il était la plus brillante personne, qui tenait tête à notre cruelle et changeante époque, dans laquelle sa vie s'est passée…Staline a hérité d'une Russie à la charrue, et l'a laissée avec l'arme atomique…L'histoire n'oublie pas de telles personnes. Winston Churchill, em 21 de Dezembro de 1959, no 80º aniversário do nascimento de Estaline.

Aqui fica o link para os artigos de John Dewey acerca das suas Impressões da Rússia Soviética e do mundo revolucionário.

13 outubro 2007

Pergunta

Andai, ganha-pães, andai; reduzi tudo a cifras, todas as considerações deste mundo a equações de interesse corporal, comprai, vendei, agiotai. No fim de tudo isto, o que lucrou a espécie humana? Que há mais umas poucas dúzias de homens ricos. E eu pergunto aos economistas políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar à miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infâmia, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico? - Que lho digam no Parlamento inglês, onde, depois de tantas comissões de inquérito, já devia andar orçado o número de almas que é preciso vender ao diabo, número de corpos que se tem de entregar antes do tempo ao cemitério para fazer um tecelão rico e fidalgo como Sir Roberto Peel, um mineiro, um banqueiro, um granjeeiro, seja o que for: cada homem rico, abastado, custa centos de infelizes, de miseráveis.

Almeida Garrett, Viagens na minha terra

12 outubro 2007