22 junho 2008

“La semana laboral se extenderá en ocasiones hasta las 78 horas semanales y se podrá encerrar a los inmigrantes sin papeles durante 18 meses antes de expulsarlos. En algunas zonas, la policía ya tiene derecho a detener a cualquier persona 42 días sin cargos. En otras, los servicios secretos cuentan con autorización para husmear en los correos electrónicos sin mandato judicial. No piense en China; tampoco en Estados Unidos. Todo esto sucede en la Unión Europea, abanderada durante décadas del modelo social que más protegía al ciudadano. Los expertos no se ponen de acuerdo sobre el alcance del giro, pero coinciden en que el avance de la derecha en casi toda Europa ha dejado su impronta en la UE.”

É raro, mesmo perante evidências flagrantes, os meios de comunicação social, expressão do poder capitalista, exporem assuntos de forma clara e objectiva, especialmente quando se refere a questões como os direitos sociais e laborais. Estes foram objecto das maiores concessões feitas pelo poder capitalista em resultado das lutas dos trabalhadores durante todo o Século XX, e são hoje o campo onde esse poder tenta recuperar o terreno perdido.
Hoje, contudo, foi possível encontrar dois artigos, um no El País e outro no Jornal de Notícias, que apesar de forma parcial e sempre de uma perspectiva capitalista, denunciam o carácter retrógrado, injusto e exploratório de novas politicas que a União Europeia (supremo instrumento do processo de recuperação capitalista na Europa) pretende aplicar.
Uma dessas medidas, que seria inimaginável há alguns anos atrás, prevê que a semana de trabalho possa ser alargada até 60, 65 ou mesmo 78 horas semanais (se as partes concordarem, claro!). A outra medida prende-se com a visão objectivada que o Capital tem dos trabalhadores. Essa medida prevê que os países possam prender (sem terem cometido qualquer crime) até 18 meses os imigrantes ilegais antes de os expulsarem, ou deitarem fora quando não precisarem deles.
Os títulos e o conteúdo de ambas as noticiais surpreendem por tocarem em questões tabu e por apontarem de certa forma para o cerne da questão. É óbvio que o El País ainda vem com a “história” dos Direitos Humanos, uma falácia na medida em que os direitos que foram garantidos resultaram de uma luta hercúlea entre forças antagónicas, e que serão mais ou menos garantidos e efectivados conforme a correlação de forças entre progressistas e reaccionários, e nunca como resultado de documentos assinados por aqueles cujos interesses de classe são prejudicados pela efectivação desses direitos. Ou o JN também exprime opiniões que tentam culpar a China por estas medidas, quando esta é mais vítima que culpada deste processo, em vez de procurar as responsabilidades nos especuladores internacionais, nos teóricos e políticos neoliberais e na própria natureza predatória do Capitalismo.
Com o resultado do referendo irlandês tornou-se óbvio que a UE se encontra desesperada por fazer concretizar estas medidas, para logo a seguir encontrar outras e outras que permitam agravar a exploração dos trabalhadores. A crise actual teve a virtude de provar que o processo de acumulação capitalista não pode ser fundado estruturalmente em engenhosos mecanismos financeiros nem numa economia virtual, mas sim à boa maneira do Século XIX na exploração do trabalho produtivo.
O artigo do El País destaca ainda o facto de forças de Direita estarem a ganhar terreno em toda a Europa e o de partidos e forças que se advogam de Esquerda serem colaboradores, ou mesmo líderes deste processo de retrocesso social.
De facto, é extraordinário, observando a realidade e a vida, constatar a forma como a teoria de Marx, Engels e Lenine são hoje, pelo menos tão válidas (se não mais) como quando foram produzidas. E isto é assim tanto para a análise sistémica do Capitalismo, como da cilada social-democrata ou dos mecanismos de conformação social e ideológica.

Aqui ficam os links para esses artigos que merecem ser lidos. El País, Jornal de Notícias

3 comentários:

Anónimo disse...

( se as partes concordarem) aquí reside o cerne da questão, por esta "nesga" na lei, geral do trabalho, tanto pode entrar, ou sair, um mosquito, como um elefante!
Isto é a maior rasteira, que os trabalhadores têm para enfrentar nos próximos tempos!
Será assim como uns cidadãos, assinarem um convénio com o estado para poderm omitir as leis do País; teria imensa graça!
Só quero deixar esta pergunta a alguns trabalhadores, menos avisados:-algum trabalhador ficou rico por ter trabalhado quarenta,cinquenta ou mais anos?
Então!

Fernando Samuel disse...

O vale-tudo é, hoje, o critério essencial do capitalismo - dependendo a dimensão da sua aplicação exclusivamente da correlação de forças existente.
E, de facto, assim era no tempo de Marx e de Engel, e de Lénine...

Abraço amigo.

Chalana disse...

A impunidade do BEs acabou! Agora, meterem-se com O GLORIOSO vai mesmo doer...

http://anti-trollurbano.blogspot.com/