03 outubro 2008

Crises capitalistas

Um dos elementos constitutivos do marxismo-leninismo que prova a inevitabilidade do seu triunfo, num futuro mais ou menos distante, é a força da sua teoria, baseada na análise materialista e dialéctica da História, e de toda a realidade social. Este excerto que transcrevo faz parte do Manual de Economia Política, editado em 1955 pela Academia das Ciências da URSS, que traduzi do francês (ou pelo menos tentei) e que pode ser visto na integra aqui. O capítulo que trata da questão das crises capitalistas é de uma correcção analítica perfeita, o que de resto pode ser confirmado através deste pequeno trecho:

"O Estado Burguês, num período de crise, age em socorro dos capitalistas, através de subvenções em dinheiro, sendo que o peso destas cai, em última análise, sobre as massas laboriosas.
Utilizando o seu aparelho de violência e coerção, o Estado ajuda os capitalistas a conduzir a sua ofensiva contra o nível de vida dos trabalhadores e camponeses. Tudo isso aumenta a pauperização das massas laboriosas.
Por outro lado as crises mostram a incapacidade total do Estado burguês em se sobrepor, por pouco que seja, ás leis espontâneas do capitalismo, nos países capitalistas não é o Estado que dirige a economia, pelo contrário é o Estado, ele próprio, que é dominado pela economia capitalista, submisso do grande capital. (…)

A crise mostra que a sociedade contemporânea poderia produzir infinitamente mais que o necessário para melhorar as condições de vida do povo trabalhador, se um punhado de proprietários privados, que lucram milhões com a miséria do povo, não se assenhoreassem da terra, das fábricas, das máquinas, etc. (V. LENINE: «As lições da crise»)

Cada crise faz aproximar-se o colapso do modo de produção capitalista. Como é durante as crises que se manifestam de forma particularmente clara e aguda as contradições insanáveis do capitalismo, que testemunham a inevitabilidade do seu fim, os economistas burgueses tentam, a todo o custo, escamotear a verdadeira natureza e causas da crise. Querendo escamotear a inevitabilidade das crises no regime capitalista, declaram que as crises são devidas a causas fortuitas, que podem ser ultrapassadas, mantendo o sistema capitalista de economia.
Com este fim os economistas da burguesia proclamam que a causa das crises reside ou na ruptura do equilíbrio dos fiéis da produção ou no atraso da procura em relação à oferta, e propõem para salvar o capitalismo das crises o recurso à produção de armamento e à guerra.
Na realidade a falta de equilíbrio da produção, assim como a contradição entre a produção e o consumo, não são defeitos fortuitos do modo capitalista de produção, mas as formas
inevitáveis da manifestação da contradição fundamental do capitalismo, que não será suprimida enquanto exista o capitalismo. (…)
No intervalo das crises, os defensores da burguesia proclamam com grande difusão o fim das crises e a entrada do capitalismo numa via de desenvolvimento sem crises; a crise seguinte revela o erro de tais afirmações. Invariavelmente a vida trás à luz do dia a inconsistência total dos remédios, de qualquer tipo, propostos para salvar o capitalismo das crises."

3 comentários:

Anónimo disse...

Crixus,
Muito pertinente esta referência ao manual.

A revolução é hoje!

Anónimo disse...

Estes politiqueiros são sepre funcionários do grande capital, candidatam-se com o seu apoio para fazerem as suas politicas, e quando saiem vão para as grandes empresas capitalistas!
Será que é muito difícil ao povo, perceber isto?
Abraço

Fernando Samuel disse...

Esse manual parece que foi escrito hoje...

Um abraço.